Alice no País das Pandemias

Por Edgar Stoever, Coordenador da Vistage

Em 1865, Lewis Caroll publicava seu livro infantil “As Aventuras de Alice no País das Maravilhas.” Logo se tornaria um best-seller. Ainda hoje, 155 anos depois, a história ainda encanta. Alice é levada a um mundo diferente e confuso, onde as pessoas são indelicadas e loucas. Ela as repreende e dá conselhos. Mas o que levou Alice à toca do coelho branco que desencadeia toda a história foi a sua curiosidade. O coelho se dizia atrasado para algo que ela não entendia. O relógio marcava a hora, o tempo corria e ele sempre apressado para um certo compromisso.

Ao menos três lições podemos tirar desta história:

1. A curiosidade é a mola propulsora de toda descoberta, de tudo o que é novo e diferente. Ela está na raiz das novas tecnologias, novos processos, novos entendimentos e visões.

2. Aos poucos as pessoas foram perdendo a ternura, a generosidade. Ficaram mais críticas, mais duras, menos gentis. É preciso repensar a vida e seu sentido, especialmente nesse momento de recolhimento. Empresários e dirigentes podem aproveitar o momento para reverem suas relações profissionais e pessoais. Quem sabe, reaprenderem com Alice o valor de um pouco mais de cortesia.

3. O tempo sempre foi nosso inimigo. Sempre estivemos apressados ou atrasados para algum compromisso. Muitas vezes atropelamos as coisas, como se as 24 horas do dia não fossem suficientes. Ironicamente, neste lockdown o que temos de sobra é o tempo. A história de 1865 nunca foi tão atual, quando somos levados a pensar na vida levada há até poucos dias.

Façamos, portanto, bom uso desse tempo “extra” que estamos tendo. Além dos projetos para retomada dos negócios, analisemos com muita serenidade nossas relações pessoais, nossa vida, a de nossos familiares e colaboradores. Pensemos no que é realmente importante e naquilo que pode ser dispensado.

Uma coisa é absolutamente certa. Terminada a pandemia que estamos vivendo agora, nunca mais teremos um mundo igual ao que tínhamos no final de 2019, início deste ano. Haverá mudanças profundas nas relações, na economia como um todo, na política, nas artes e até na forma de culto das religiões. Penso que um novo conceito de parceria surgirá, diferente daquilo que estamos acostumados.

Haverá maior entrosamento, maior colaboração e participação entre empresas e pessoas. Uma relação diferente entre cliente e fornecedor, entre patrões e empregados, com mais cumplicidade, maior dependência de um pelo outro e mais responsabilidades mútuas. Precisamos nos preparar para um novo tempo. 2020 ficará registrado como o ano de um novo marco na história da humanidade.

 

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3 Comments

  • Bom texto Edgar, relevante e oportuno.

  • Prezado Edgar, concordo que nestes momentos pandêmicos tenhamos mais tempo para refletir sobre nossas ações e diferentes consequências aos que nos rodeiam, e quem sabe possamos vencer a metáfora de George Stigler em relação ao comportamento das pessoas após situações de graves crises.
    Espero também que todos que habitam este planeta consigam finalmente perceber a mudança qualitativa que está ocorrendo na atmosfera, em apenas 2 meses de redução de uso de petróleo.
    Espero de todo coração que possamos finalmente mudar nossos hábitos, respeitarmos a vida, em sua totalidade.
    Quem sabe agora possamos nos ater mais aos princípios éticos da “Carta da Terra” .
    Abraço

  • Edgar,

    Bom artigo. Infelizmente, em grande parte, nós todos aprendemos pelo sofrimento.
    Tempo bem aproveitado, com as coisas e as pessoas certas, e cortesia sempre, vão nos renovar após a quarentena.
    Como sei que é escritor e leitor atento, deixe feliz um colega lendo meu último artigo no Linkedin, sobre a Liderança Global e o Coronavírus.
    Um abraço,

    Ugo Barbieri

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