Recentemente, recebi uma mensagem no Instagram dizendo:
“Tadeu, com seu conhecimento, você pode faturar até 10 dígitos com cursos, lançamentos e mentorias!”
Minha resposta foi simples:
“Ótimo! Você vai fazer isso por mim ou vai me vender um curso de como vender curso?”
Essa troca, tão comum hoje no mundo digital, expõe um fenômeno curioso e crescente: o boom dos infoprodutos, das promessas de enriquecimento rápido e das fórmulas prontas para sucesso profissional.
Não me entenda mal: ensinar é um ato nobre, e democratizar o conhecimento é um dos maiores avanços da nossa era. O problema começa quando o conhecimento vira uma sequência vazia de buzzwords, pitchs agressivos e um mar de gente ensinando a ensinar sem nunca ter feito de verdade.
O mercado está crescendo, mas para onde estamos indo?
De um lado, temos o mercado de influenciadores digitais e cursos online, que deve movimentar cerca de US$ 500 bilhões até 2027. Só no Brasil, já são mais de 500 mil influenciadores e centenas de milhares de lançamentos todos os anos, prometendo transformação em tempo recorde. (Fonte: Estadão)
De outro, temos a educação formal executiva, como MBAs e pós-graduações, que somam hoje mais de 350 mil alunos no Brasil, segundo o Ministério da Educação, com crescimento sustentado e cada vez mais adaptado à realidade híbrida e prática do mercado.
Uma imersão te dá acesso rápido a um conteúdo, normalmente prático, dinâmico e com efeito imediato. É boa para provocar reflexão, sair do piloto automático, fazer networking, ampliar repertório. Mas exige maturidade: o valor está no que você faz com aquilo depois que o palco esvazia.
Uma pós-graduação, por sua vez, é mais longa, estruturada, teórica e densa. Exige disciplina, tempo, leitura, debate. Forma base crítica, visão de longo prazo, e costuma conectar teoria à prática de forma mais profunda. O problema? Muitas vezes é engessada, distante do mercado ou sem aplicação imediata.
Minha visão: as duas formas de aprender são válidas. Mas o que importa é o que você FAZ com isso.
Não acredito em uma guerra entre o “novo” e o “tradicional”. Acredito em coerência entre o aprendizado e o momento de quem aprende. O que funciona para um executivo sênior, pode não servir para um empreendedor em início de jornada. E está tudo bem.
A questão é: você está aprendendo com quem já fez, está fazendo e vai continuar fazendo?
Essa é a diferença entre aprender para usar ou apenas para consumir.
Estamos passando por um ciclo. E ele vai se ajustar.
Na minha opinião, o mercado ainda está no auge da euforia com o aprendizado superficial, rápido e massificado. Mas o futuro vai exigir mais profundidade. Vamos ver uma grande adaptação do mercado de conhecimento, onde o que é sólido, vivido e consistente vai vencer o que é performático, raso e inflado.
Pessoalmente, sempre compartilhei com quem trabalha comigo o que estou fazendo, o que já fiz e o que ainda pretendo fazer. Porque é no dia a dia, no contexto real, que o conhecimento se solidifica. E é nesse tipo de ambiente que acredito: com gente que faz, erra, acerta, troca, aprende — de verdade.
Conclusão: não caia no encantamento da fórmula mágica.
Faça sua imersão, faça sua pós, estude no YouTube ou no MIT. Mas faça com consciência, com critério. A forma não vale mais que o conteúdo. E o conteúdo não vale mais que a execução.
E se alguém te prometer 10 dígitos com um funil… pergunta se ele vai fazer por você ou te vender um curso de vender curso.