Sucessão em empresas familiares: planejamento para a continuidade e crescimento

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Por Antonio Carlos Laet, Chair Vistage RJ

Como Chair da Vistage e consultor com anos de experiência em sucessão e gestão de empresas, gostaria de compartilhar as principais lições que aprendi ao longo da minha trajetória em processos de sucessão em empresas familiares. A sucessão é um momento crítico para qualquer empresa familiar e, quando mal planejada, pode ser o gatilho para conflitos internos e até mesmo para o fracasso do negócio. No entanto, com um plano de sucessão estruturado, é possível transformar esse momento em uma oportunidade de continuidade e crescimento.

A importância do planejamento na sucessão em empresas familiares

Existem basicamente duas maneiras de evitar uma sucessão desastrosa: planejar a sucessão com antecedência e alinhar todos os envolvidos ao longo do processo

Infelizmente, muitos empresários deixam essa decisão para quando é tarde demais, como apontou um executivo com quem trabalhei, mencionando que algumas empresas familiares só definem sua sucessão após o falecimento do fundador. 

Isso acende um sinal de alerta sobre a importância de iniciar o planejamento sucessório desde cedo.

 

O papel da governança e do acordo familiar

Renato Bernhoeft, especialista no tema, destaca que cerca de 70% das empresas familiares no Brasil sucumbem diante de conflitos familiares. 

Estabelecer um acordo entre os herdeiros e criar regras claras de sucessão são essenciais para garantir uma transição tranquila. 

Além disso, pensar em profissionalizar a gestão é uma recomendação essencial, pois a liderança deve ser conquistada não apenas por preferência do fundador, mas com base em competência e consenso entre os sócios.

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 Estratégias de crescimento para empresas familiares

De acordo com a McKinsey & Company, empresas familiares de sucesso são aquelas que planejam sua estratégia de crescimento e expansão. Em processos de sucessão, é fundamental definir o futuro do negócio e o perfil do próximo líder. 

Empresas que inovam e buscam oportunidades adjacentes ao seu mercado têm maiores chances de sucesso e continuidade. 

Essa mentalidade de expansão permite que o sucessor continue crescendo o negócio, sem perder a essência e os valores que foram estabelecidos pelos fundadores.

 

7 de 10 famílias não sobrevivem após a 1ª geração, principalmente devido à difícil
transição de uma entidade controlada por proprietário-gestor para uma empresa familiar
mais inclusiva.

2/3 das famílias não sobrevivem após a 2ª geração, pois não conseguem criar uma
estrutura de governança formal, transparente e justa, que integre um grupo mais amplo
de stakeholders.

(Fonte: MCKINSEY & COMPANY – FAMILY BUSINESS PRACTICE)

 

Principais problemas na sucessão em empresas familiares

Há três desafios recorrentes na sucessão de empresas familiares, que vale a pena destacar:

  1. Falta de profissionalização da gestão: Empresas familiares precisam equilibrar a tradição com a profissionalização para crescerem de forma sustentável.
  2. Conflitos familiares: As disputas de poder e a falta de comunicação podem comprometer a continuidade da empresa. Por isso, a criação de uma governança transparente é crucial.
  3. Sucessão inadequada: A ausência de um plano de sucessão bem definido e de treinamento para os sucessores pode resultar em falta de continuidade e instabilidade.

Leia também: Você é um líder preparado para o futuro?

Exemplos práticos: sucessos e aprendizados

Já participei de vários processos de sucessão, cada um com suas peculiaridades

Vou compartilhar algumas das experiências que vivenciei em diferentes tipos de empresas, cada uma com suas particularidades e aprendizados. Em uma empresa americana no Brasil, a diretoria da filial estabeleceu um perfil de CEO focado em um histórico de sucesso comprovado, mas a matriz acabou nomeando um profissional sem essa trajetória, o que resultou em uma liderança que deixou a desejar.

Em outro caso, trabalhei com uma empresa familiar de dois fundadores, onde, após o afastamento dos mesmos, os filhos assumiram a gestão sem qualquer planejamento ou preparação. Infelizmente, a falta de estruturação levou à venda da empresa.

Tive ainda uma experiência em que um fundador cansado da rotina diária criou um conselho de administração para apoiar a sucessão e contratou um headhunter para escolher o novo CEO. O fundador se mudou para os EUA, mas, após alguns anos, o CEO foi desligado por suspeitas de má gestão financeira, mostrando como a escolha certa é essencial para evitar problemas futuros.

Outro exemplo marcante foi o de uma empresa familiar sólida e lucrativa, onde o fundador escolheu um dos filhos para sucedê-lo, mas continuou interferindo na gestão. Essa situação causou desconforto ao filho, que, sem ter a autoridade total, decidiu deixar a posição.

Entre as sucessões bem-sucedidas, destaco uma multinacional familiar. O sócio, buscando definir o perfil do próximo CEO global, reuniu líderes de vários países e acabou escolhendo um executivo experiente em fusões e aquisições para enfrentar a concorrência agressiva. Esse foi um movimento acertado, com resultados positivos.

Outro exemplo de sucesso veio de uma empresa do mercado da moda, onde o sócio fundador, prevendo sua própria sucessão, decidiu contratar uma consultoria especializada para apoiar o processo. A empresa selecionou uma executiva interna com alto potencial e, passados mais de vinte anos, a decisão se provou correta, com a empresa prosperando até hoje.

Em experiências indiretas, acompanhei casos em que, em um grupo do mercado de educação, o conselho selecionou uma líder com histórico de sucesso, o que garantiu uma transição tranquila e eficaz. Em outro cenário, um grupo familiar do varejo enfrentava grandes desafios financeiros e trouxe um executivo de alta performance, com a condição de lhe dar total autonomia. Essa confiança na liderança foi essencial para reverter a situação da empresa.

Essas histórias reforçam que a sucessão em empresas, especialmente familiares, demanda planejamento, transparência e a escolha de líderes que inspirem confiança e tragam um histórico de realizações

Cada experiência fortaleceu minha crença de que o papel de um conselho bem estruturado e a liberdade dada ao sucessor são fundamentais para o sucesso no processo de transição.

 

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 Dicas para uma sucessão bem-sucedida em empresas familiares

Algumas lições finais sobre sucessão em empresas familiares:

  • Planeje com antecedência e coragem, evitando que a sucessão aconteça de forma abrupta;
  • Passe a “caneta” ao novo CEO, permitindo que ele ou ela tenha a autonomia necessária;
  • Escolha um sucessor com histórico de sucesso em gestão e alinhado aos objetivos estratégicos da empresa.

A sucessão em empresas familiares é, sem dúvida, um processo desafiador, mas quando conduzido com transparência e profissionalismo, pode assegurar não apenas a continuidade, mas também o crescimento e a renovação da empresa.

Vistage: conectando CEO’s para superar desafios estratégicos juntos

Se você, empresário, sente o peso das responsabilidades e a solidão que muitas vezes acompanha o cargo de liderança, saiba que não precisa enfrentar esses desafios sozinho. 

Na Vistage, você encontra um espaço exclusivo para compartilhar experiências e receber insights valiosos de outros empresários que passam pelas mesmas situações. Juntos, sob a orientação do Chair, você terá o suporte e a orientação necessários para tomar decisões mais seguras e estratégicas. 

Convido você a fazer parte desse grupo de pares e descobrir o poder da troca de experiências para fortalecer sua trajetória e a da sua empresa.

Até breve!

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